Artigos e Entrevistas
23/09/2022 - 13h43

Inovar para quĂȘ?


Fonte: A Tribuna On-line / Ricardo Pupo Larguesa*
 
A busca pela inovação não é de hoje, mas sempre foi e continua sendo um enorme desafio
 
A busca pela inovação não é de hoje, mas sempre foi e continua sendo um enorme desafio transformá-la de uma ação descrita vaga e obrigatoriamente no planejamento estratégico anual para um processo consistente e efetivo de geração de valor.
 
Mais desafiador ainda é engajar um setor inteiro para a execução de atividades colaborativas de inovação. E o setor portuário, por operar num ambiente compartilhado, depende e muito dessa colaboração. Todos os terminais compartilham um mesmo ambiente de operação, em múltiplos modais. É uma complexa e viva rede colaborativa com possibilidades intermináveis de melhoria contínua. Nesse contexto, a inovação aberta parece ser a solução.
 
Inovação aberta é um termo criado por Henry Chesbrough em seu livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology (HBS Press, 2003). Serve para organizações que promovem ideias, processos, pesquisas e pensamentos abertos com o objetivo de melhorar o desenvolvimento de seus produtos, prover melhores serviços, aumentar a eficiência e agregar valor. O autor afirma que a inovação aberta é um paradigma em que as organizações devem usar ideias internas e externas.
 
Um desafio que esse conceito enfrenta é o fato de que uma ideia não tem dono. Você pode até registrar a autoria da ideia, mas não é possível patenteá-la, apenas uma aplicação prática desta na forma de um invento ou processo. E isso tende a fazer com que as ideias não sejam compartilhadas. Isso faz perecer excelentes ideias que adormeceram solitariamente em mentes geniais, porém amedrontadas pela eventual falta de reconhecimento. Ou pior: faz sucumbir ideias incríveis por pura vaidade de seus autores.
 
Vivemos um momento sedento por inovação em nosso Porto. Às vésperas da desestatização, o Parque Tecnológico de Santos, que retomou suas atividades com força total após um adiamento forçado por conta da pandemia, está criando um modelo de governança para promover a inovação no Porto de Santos. Estive lá ontem reunido com várias personalidades importantes da região para humildemente ajudarmos a criar um processo de inovação aberta, integrada e agregadora. Precisamos unir Governo, academia e setor produtivo para criar mecanismos que estimulem pessoas de todos os tipos a compartilhar ideias e motivar equipes a construírem colaborativamente aquilo que irá melhorar a vida de toda a comunidade portuária.
 
Pensando grande, agindo pequeno. Exatamente como deve ser.
 
*Ricardo Pupo Larguesa, engenheiro de computação, sócio-fundador da T2S, professor e pesquisador na Fatec Rubens Lara