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19/08/2022 - 11h53

Busca por eficiência explica tendência de integração vertical


Fonte: A Tribuna On-line / Gesner Oliveira*
 
Com a expansão da conteinerização e as mudanças nos requisitos dos embarcadores, houve uma convergência
 
Na economia, a busca pela redução de custos é constante. No setor de logística não é diferente. No caso do transporte marítimo, com a expansão da conteinerização e as mudanças nos requisitos dos embarcadores, houve uma convergência em relação à integração vertical no sistema porto e empresa de navegação.
 
Tal tendência se consolidou mundo afora e foi na direção de aumento de eficiência e redução de custos. Dentre as dez maiores operadoras do mundo, oito têm terminais sob (ou parcialmente sob) sua operação. Os grupos de linhas de navegação APM-Maersk, Mediterranean Shg Co, CMA CGM e COSCO Shipping Co Ltd operam mais de 150 terminais pelo mundo. São exemplos na Holanda, Alemanha, Itália, Romênia, Dinamarca, Bélgica, França, Estados Unidos, Nova Zelândia. A verticalização é assim algo observado e comprovado no mundo todo.
 
Um estudo publicado na revista acadêmica "Maritime Policy & Management" em 2019, mostrou que a integração vertical entre o operador do terminal e uma empresa de navegação leva a maior capacidade portuária, produção de mercado, excedente do consumidor e bem-estar social, assim como reduz os custos de atraso.
 
O alto nível de integração funcional possibilitou o surgimento de provedores de serviços logísticos completos e megatransportadoras, que cada vez mais oferecem a prestação de serviços do tipo "one-stop shop", e que embora não seja regra, é procurado pelos importadores e exportadores, devido aos ganhos de eficiência inerentes a este modelo.
 
O formato das operações é algo para o setor produtivo se preocupar via arranjos comerciais entre entes privados. Esse é um movimento legítimo de mercado que permite que players marítimos internacionais acessem o ambiente de logística local por meio de aquisições de agenciamento de carga, armazenamento, operadores de instalações portuárias e transporte, entre outras atividades.
 
A integração vertical deve vir acompanhada de regulação adequada. Esta não deve ser um calhamaço de regras que atrapalham o funcionamento do mercado, mas sim algo que garanta a eficiência do sistema com o mínimo de intervenção possível.
 
Cada elo da cadeia logística depende do outro, e cabe ao Estado garantir que todas as regras do jogo sejam claras e alinhadas às melhores práticas.
 
*Gesner Oliveira, economista, professor e coordenador do Centro de Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV