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13/12/2021 - 07h18

De Popa a Proa: A importância do agronegócio e do cais santista


Fonte: A Tribuna On-line / Marcelo Neri*
 
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que em 2050 existam quase 10 bilhões de pessoas no planeta Terra, o que vai exercer forte pressão na demanda de alimentos. A mesma organização ressalta a importância do Brasil no fornecimento dos alimentos para essa população mundial em crescimento.
 
Portanto, não há dúvidas que haverá uma evolução na demanda por alimentos e organizações mundiais como a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) têm como missão alcançar a segurança alimentar para todos, tendo como objetivo a erradicação da fome no planeta. No mundo hoje, existem 842 milhões de pessoas na condição de insegurança alimentar. Além dos esforços para que todas as pessoas tenham acesso a alimentos de boa qualidade, a FAO estima que em 2050 a população chegue a 9,8 bilhões. Como os níveis de renda serão maiores dos que os de hoje, a produção de alimentos terá que aumentar em 70%.
 
Qual o papel do Brasil neste cenário ?
 
No momento atual da produção agrícola brasileira e de cenário futuro, o Brasil se consagrará como o maior fornecedor para responder ao aumento da demanda global de importação de ‘commodities’, segundo dados da FAO.
 
Muito se comenta sobre a importância do país se desenvolver para uma nação produtora de itens de valor agregado em tecnologia. Entretanto, importante também que tomemos conhecimento, por exemplo, não somente da tecnologia que já é empregada em uma indústria de frango, e em especial, todas as décadas de pesquisa empregada da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) no campo, mas também que tomemos consciência de que somos uma nação vocacionada para o agronegócio, para alimentar o mundo.
 
Toda esta realidade presente e potencial futuro de produção, entretanto, de nada valem em termos de fornecimento para o mundo, caso não estejamos devidamente preparados estrutural e logisticamente. Aqui vale ressaltar algumas definições e conceitos de infraestrutura e logística. Na verdade, a definição de infraestrutura é o conjunto de atividades e estruturas da economia de um país que serve de base para o desenvolvimento de outras atividades. Exemplos: rodovias, ferrovias, portos, rede de energia, comunicação etc.
 
Definiríamos logística, por sua vez, como uma arte, uma ciência dedicada a otimizar processos para entregar produtos certos, no local adequado, no tempo certo, e com o menor custo possível.
 
Acompanhando a tendência de mudança no rumo logístico para escoamento da produção, o Ministério da Agricultura tem incentivado o desenvolvimento e a consolidação dos portos e os corredores de exportação do Arco Norte, compostos pelos terminais de embarque localizados nas regiões Norte e Nordeste do país.
 
Fruto de discussões do setor produtivo, o Arco Norte é definido por uma linha imaginária que atravessa o território brasileiro no Paralelo 16 Sul, passando próximo as cidades de Ilhéus (BA), Brasília (DF) e Cuiabá (MT). Ao Sul desse paralelo há a fronteira agrícola consolidada e, ao norte, a nova fronteira agrícola. Os portos de principal interesse do agronegócio que compõem esse segmento logístico são os de Itacoatiara (AM), Santarém e Barcarena (PA), Santana (AP), São Luís (MA), Salvador e Ilhéus (BA).
 
Entretanto, mesmo com todas essas vantagens e todos os avanços do chamado ‘Arco Norte’, o Centro Sul possui malhas ferroviárias de relevância, como a paulista, que leva até o nosso importante Porto de Santos.
 
Queremos dizer aqui que a situação pode se alterar de tempos em tempos. Que existe uma certa complexidade na análise logística e a isto damos o nome de competitividade logística. Devemos entender que, como ocorre no transporte multimodal, em que ferrovia, rodovia e hidrovia não competem entre si, mas sim de forma sinérgica otimizam o fluxo de cargas, o devem fazer assim também os portos do Arco Norte e Sul, servindo de alternativa para o grande incremento de produção do agronegócio, cujo Brasil terá a oportunidade e a grande responsabilidade de ser ator principal para alimentar o mundo.
 
Há espaço para todos neste país de extrema vocação agrícola e sem dúvida os portos do ‘Arco Sul’, incluindo, claro, o nosso gigante Porto de Santos, está destinado a jamais ser uma estrela apagada nesta importante cadeia de alimentos para o mundo.
 
*Marcelo Neri é Presidente da Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima (Fenamar)