Artigos e Entrevistas
13/12/2021 - 07h33

Mão de obra e desenvolvimento profissional


Fonte: A Tribuna On-line / Hudson Carvalho*
 
“Quem é do mar não enjoa.” Martinho da Vila, samba de 2012. Seja do mar, ou dos portos, não enjoa. Notícias não faltam. Esta quinta (9), foi dia de novidades, para quem acompanha a atividade portuária. Primeiro, o “sinal verde” do Tribunal de Contas da União - TCU para o seguimento do processo de desestatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), leia-se, dos Portos Organizados de Vitória e Barra do Riacho.
 
Enquanto isso, a Câmara dos Deputados aprovou Requerimento de Urgência para a votação do BR do Mar, que propõe novas regras para a cabotagem. Decisões tomadas longe dos portos, mas que trarão alto impacto para o mundo do trabalho nessa atividade.
 
Por quê? Porque entre outras características, as duas iniciativas são apresentadas como são: oportunidades de aumento da produtividade e redução do Custo Brasil.
 
Vamos traduzir essa afirmação para o dia a dia dos negócios portuários. Primeiro a redução de custos, autoexplicativa quando se fala em manter empresas saudáveis.
 
É uma condição que vai nos levar, em futuro próximo, a discutir, entre outras, o tamanho dos “ternos” de trabalho nos navios, costado, pátios e armazéns, bem como a forma de remunerá-los, como já é feito pelas empresas que operam terminais – pela via dos acordos coletivos – e que agora precisará ser discutida também no âmbito dos Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs).
 
O impacto? Um processo de negociação mais sofisticado para cada Convenção Coletiva de Trabalho, que vai exigir alto grau de maturidade das instituições que representam as empresas e dos trabalhadores e seus sindicatos. Acertará quem buscar o sucesso pela via do acordo, economizando energia gasta em disputas judiciais, investindo-a na criação de medidas que mantenham a qualidade e ampliem o número de postos de trabalho.
 
A produtividade (capacidade de “fazer mais com menos”) trará consigo a necessidade de rever processos de trabalho, tornando-os mais simples e rápidos, na maioria das vezes com a adoção de novas tecnologias. Do simples pensar fora da caixa, usando recursos existentes, até a completa transformação digital.
 
Há muito a ser feito. Áreas de Operações, Manutenção e TI repensando processos, redefinindo tecnologias. Recursos Humanos, reinventando estrategicamente as relações, o ambiente de trabalho e qualificando pessoal. Alta administração, atuando estrategicamente, dentro de regras de governança, cada vez mais justas, aprimorando o conjunto das relações do Porto com a Cidade. Enquanto isso, as demais áreas da organização ajustam-se, como peças novas em um novo quebra-cabeças.
 
Começamos o texto usando o exemplo de iniciativas do presente, as quais, se analisarmos a velocidade em que avançam em seus cronogramas, em tempo recorde, estarão espalhadas por todo o País. São apenas exemplos de uma realidade que vem gradativamente impondo-se e que não trazem apenas mudanças difíceis. Trata-se de um novo mundo, que criará novas oportunidades de trabalho, diferentes, algumas que não imaginávamos existir, mas que serão melhor qualificadas e remuneradas que as anteriores.
 
Já que começamos com uma música, termino com outra para uma dica ao trabalhador portuário, avulso ou vinculado: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”
 
*Hudson Carvalho é Especialista em Gestão de Pessoas e em Estratégia Organizacional