Fonte: A Tribuna On-line
Segundo especialistas, problema enfrentado em todo o mundo vai persistir até o primeiro semestre de 2022
A crise logística causada pelo desbalanceamento da oferta de contêineres em todo o mundo deve se manter por muito tempo. No Porto de Santos, a situação não é diferente e os terminais devem sentir esses impactos até, pelo menos, o final do primeiro semestre do ano que vem.
O fechamento de alguns complexos portuários asiáticos em função da necessidade de isolamento para a conter a covid-19 é o principal causador do problema, uma vez que novos focos da doença forçaram novas interrupções nos últimos meses. Somado a isso, o aumento do consumo com a retomada da economia mundo afora e a alta demanda por alimentos também intensificou o problema. Isto sem contar com a interdição, por seis dias, do Canal de Suez, no Egito, que forçou que embarcações fizessem rotas alternativas muito mais longas para evitar impactos.
Desde então, armadores estão atuando com capacidade máxima para conter os efeitos da crise. Mesmo assim, no Brasil, não há expectativa de solução no curto prazo.
“O cenário na movimentação de contêineres no mundo tem impactado terrivelmente, principalmente as rotas transpacíficas para os Estados Unidos e Norte da Europa, que atraíram maiores quantidades de tonelagens não tendo esses portos conseguido atender a demanda do mercado que encontra-se aquecida e, como consequência, o equipamento fica aguardando embarque ou desembaraço e liberação para ser utilizado, posteriormente”, afirmou o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque.
Segundo ele, as empresas de transporte marítimo enfrentam uma ausência de regularidade entre a oferta e a demanda. Além disso, as escalas dos navios foram impactadas ou até mesmo canceladas por conta da pandemia. Em alguns casos, houve inversão de rotas e até mesmo uma redução de atracações em determinados portos.
Para evitar ainda mais gargalos, terminais que enfrentam aumento de volume de carga já estão adotando trabalho ininterrupto de 24 horas. É o caso de complexos portuários localizados nos Estados Unidos e na Inglaterra.
“Estamos na época das encomendas dos produtos natalinos e a China é forte nesse mercado de eletrônicos, brinquedos etc. A quantidade de contêineres oferecidos tem aumentado sensivelmente e essa instabilidade resulta na interrupção da cadeia de suprimentos e é uma ameaça ao comércio global”, afirmou o diretor do Sindamar.
Roque também aponta que os protocolos adotados no controle do vírus também se transformam em um fator que contribui com a demora na liberação dos navios. Por outro lado, salienta a necessidade de colaboração com as autoridades sanitárias no combate à pandemia.
“Não adianta atribuir culpa aos armadores ou agentes pelo atraso no fechamento de carga e embarque, uma vez que havendo escassez de contêineres, e isso está sendo constatado em nível mundial. Não há milagre que faça reverter essa situação, com contêineres represados e os transportadores se esforçando para equilibrar a logística trazendo equipamentos do exterior e procurando atender aos clientes”.
Operação
Procurada, a DP World Santos informou que segue adaptando suas operações para atender as demandas adicionais do mercado impostas pelo fluxo ainda irregular. “Nas operações com contêineres, o primeiro semestre de 2021 apresentou um crescimento de 17% em relação ao ano anterior, com pouco mais de 450 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) movimentados no período. Encerramos 2020 com movimentação de cerca de 900 mil TEU e, para este ano, a nossa expectativa é crescer em torno de 3% a 5%”.