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11/06/2021 - 08h31

TIL, da MSC, planeja expansão no Brasil e avalia leilões de companhias docas


Fonte: Valor Econômico
 
Apesar da intenção em investir no Brasil, presidente global da companhia também manifesta preocupação com “ruídos regulatórios” no setor de logística, como a permissão para cobrar taxas nos terminais
 
 
A Terminal Investment Limited (TIL), do grupo MSC, planeja expandir suas atividades no Brasil, afirmou o presidente global da companhia, Ammar Kanaan, que está no Brasil e conversou com jornalistas por videoconferência.
 
A empresa opera atualmente três terminais portuários no país — em Santos (a BTP, em sociedade com a Maersk), Navegantes (SC) e no Rio. A ideia é ampliar os ativos, que podem ser tanto concessões, terminais privados ou até mesmo investimentos em companhias docas. “Estamos buscando oportunidades ao longo da costa. Estudaremos o que aparecer”, diz Kanaan.
 
O presidente vê com bons olhos a desestatização das autoridades portuárias, que está sendo conduzida pelo governo — entre as companhias na lista da privatização estão as estatais do Espírito Santo, Santos (SP), Itajaí (SC) e Bahia. Ele também afirma que o grupo irá estudar participar dos leilões.
 
“Definitivamente vamos olhar muito seriamente. Não vimos os detalhes, mas ficaria muito surpreso se não participarmos. Vamos monitorar, vamos quando as oportunidades surgirem”, afirmou.
 
Apesar da intenção declarada em investir no Brasil, Kanaan também manifesta preocupação com o que chamou de “ruídos regulatórios” no setor de logística. O executivo se reuniu hoje com os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, para manifestar seus receios.
 
Entre as preocupações, ele cita “a permissão para cobrar taxas nos terminais”. Os grandes terminais de contêineres travam há anos uma disputa com terminais retroportuários pelo direito de cobrar a taxa de segregação e entrega de contêineres (a chamada THC2).
 
Recentemente, os grandes grupos tiverem um revés, com uma decisão preventiva do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que suspendeu a cobrança dessa taxa no porto de Itajaí (SC). O imbróglio, que se arrasta há anos, é visto no setor como uma forte insegurança jurídica para os operadores portuários.
 
Outro “ruído” citado pelo presidente são as recentes críticas à verticalização na cadeia logística de contêineres, já que as grandes empresas globais de navegação (como a MSC) cada vez mais investem em logística “porta a porta” e passam a investir em todas as etapas do processo, como terminais portuários e transporte terrestre.
 
Esses questionamentos têm sido feito em todo diversas partes do mundo e, no Brasil, começaram a crescer na indústria no início deste ano, diante do aumento dos fretes marítimos provocados pela pandemia.
 
Para o executivo, trata-se de uma tendência global que não reduz a concorrência, porque há competição entre as empresas do setor, e que reflete a demanda da própria indústria, que prefere uma logística “de porta a porta”.
 
“Não entendo porque agora a verticalização se tornou uma questão. Não vejo relação entre concentração de mercado e verticalização”, disse.
 
Questionado sobre a indefinição sobre o futuro do regime fiscal do setor, o Reporto, que desonere investimentos, Kanaan afirma que “este não será o ‘driver’ do nosso investimento”, e sim a regulação.