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Codesp: novo modelo de gestão

Fonte: Diário do Grande ABC / Milton Lourenço (*)



A nomeação de Angelino Caputo e Oliveira, ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República, para a direção da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), em substituição ao engenheiro Renato Barco, constitui mais um passo do processo de centralização administrativa da empresa que é resultado do disposto na nova Lei dos Portos (número 12.815/13).
 
Como se sabe, a nova legislação, em seu artigo 64, estabelece que as companhias docas firmarão compromisso de metas empresariais com a (Secretaria de Portos). Ou seja, se em determinados prazos o desempenho das empresas estatais não alcançar os resultados esperados, novas mudanças em sua diretoria podem ser anunciadas. O pretexto é que as empresas estatais atuem dentro da dinâmica maneira empresarial, comprometendo-se com resultados e não em dar abrigo a favorecimentos.
 
Por trás disso, porém, o que se vê é excessiva centralização administrativa dos portos – o que constitui, de certa forma, outra maneira de preservar favorecimentos político-partidários –, com a perda de autonomia de gestão. Isso preocupa porque, a rigor, as decisões estão cada vez mais centralizadas em Brasília. Em contrapartida, a comunidade portuária fica marginalizada dessas decisões.
 
É o caso do (Conselho de Autoridade Portuária), que passou a mero órgão consultivo, ainda que constitua importante espaço estratégico, já que reúne em sua composição diretores indicados pela prefeitura (50%), por empresários (25%) e trabalhadores (25%). Infelizmente, dentro do atual formato, suas sugestões ou reivindicações, dificilmente, são levadas em conta. O que se espera é que a troca do comando na estatal não comprometa esses objetivos. Pelo contrário. E que a proximidade do novo diretor-presidente da Codesp com a Presidência da República favoreça a agilização de processo que facilite a criação de armazéns na zona produtiva, que possam disciplinar o escoamento das safras.
 
É de reconhecer que a troca de comando na Codesp representa avanço em relação a práticas perniciosas do passado, quando as indicações eram meramente políticas e a empresa funcionava como moeda de troca no jogo político-partidário. Mas só isso não basta. É preciso que os resultados venham logo. Só assim será possível dizer que a Codesp e as demais empresas docas passarão a ser geridas dentro de novo modelo administrativo comprometido apenas com a eficiência.



 

(*) Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicomis (Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo) e da ACTC (Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística).
 

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