Artigos e Entrevistas

Porto de Bertioga

Fonte: A Tribuna / José Antônio Marques Almeida (Jama) (*)



A Hidrelétrica de Itatinga, em Bertioga, foi construída pela Companhia Docas de Santos, iniciada em 1906 e inaugurada em 1910, para fornecer energia para o Porto de Santos. Por muitos anos, alimentou todo o complexo portuário e vendia o seu excedente para cidades vizinhas.
 
Passados mais de 100 anos, as mesmas máquinas permanecem operando, gerando os mesmos 15 megawatts, suficientes para 70% do Porto de hoje. Todos equipamentos do complexo hidrogerador, incluindo cinco turbinas de quatro toneladas e cinco geradores de oito toneladas, o pesado material da construção do prédio, das linhas de tubos, cabos e torres da linha de transmissão de 30 km de extensão, tudo isso foi transportado por embarcações navegando no canal de Bertioga.
 
Por quase 100 anos esse caminho fez parte da logística da Usina de Itatinga. Hoje, o transporte entre o Porto e a Usina de Itatinga é feito pela Rio Santos (BR-101) e, no canal de Bertioga, navegam muitos barcos de recreio. Por falta de estratégia e planejamento, não utilizar essa via para transporte de carga promove retardo no progresso regional.
 
Histórica e logisticamente, o Porto de Santos sempre manteve uma relação estratégica pouco expressiva com o desenvolvimento da Baixada Santista. Léa Goldenstein (1972) em sua tese de doutorado põe luz sobre essa questão: “Santos manteve-se até a década de 50 como porto de exportação e importação de produtos primários. Manteve-se quase como porto do Planalto e sua participação direta no processo de industrialização que já se iniciara no País era quase nula”.
 
Nessa década inicia a lenta e fértil mudança de perfil em Cubatão, substituindo a economia da banana pelo Polo Petroquímico. Entretanto, o Porto de Santos fez do Estado de São Paulo o mais desenvolvido do Brasil e levou progresso para muitas outras regiões, como o Centro-Oeste. Mas é preciso entender que o crescimento do Porto de Santos não é um fim em si, e ele deve ser meio de progresso, com prioridade para a sua região da Baixada Santista.
 
Por isso, ele deve ser estendido a todos os nove municípios que a compõem. Para mostrar as possibilidades de globalizar a nossa economia regional através do Porto, apresentei na Codesp uma ideia para construção de uma Rede Hidroviária da Baixada Santista. Essa rede é formada pelos rios Branco, Mariana, Piaçabuçu e o canal de Bertioga.
 
Visitei, também, os prefeitos das cidades da região, entre Praia Grande e Bertioga, para demonstrar esse plano e motivar a participação dos municípios no projeto de uma rede de comércio por rios, muito comum em cidades europeias. Todos mostraram interesse e, desde então, várias entidades locais tem promovido seminários e debates sobre o tema.
 
É preciso construir o porto-indústria em Bertioga, como deseja o prefeito Orlandini, utilizando o seu canal de navegação como infraestrutura de ligação com o maior porto do Hemisfério Sul. Essa transfusão econômica fantástica, vai possibilitar a instalações de plantas industriais também na área continental de Santos e Guarujá não poluentes e com logística muito competitiva.
 
As águas calmas para mover as pás do porto indústria de Bertioga fluem pelo seu canal, onde anualmente ocorre a tradicional Maratona de Natação 14 Bis. Igual a percorrer a raia de 42 km de natação, e colocar barcaças navegando como logística do porto indústria de Bertioga vai representar muita excitação e oportunidades de vitória.

 


(*) José Antônio Marques Almeida, o Jama, é Engenheiro portuário e diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo
 


Imprimir Indicar Comentar

Comentários (1)

antonio carlos paes alves
Data: 24/06/2014 - 12h17
Excelente proposta.

Compartilhe