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Fonte: A Tribuna - 30/07/2012

Em pouco mais de um ano e meio, os caminhões que saem das rodovias Ayrton Senna e Dutra em direção ao Porto de Santos não precisarão passar pelo perímetro urbano da Capital e da Grande São Paulo. O mesmo vai acontecer com os veículos que farão o trajeto inverso, graças à conclusão do trecho Leste do Rodoanel, que deve acontecer em março de 2014. Com ele, a ligação entre o maior porto da América Latina e o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, será três vezes mais rápida. 

 

A obra, que tem custo de R$ 2,8 bilhões, está sendo executada pela concessionária SPMar, que além de ser responsável pela construção, também recebeu do Governo do Estado o direito de administrar a via por 35 anos. A mesma empresa é responsável pela concessão do trecho Sul do Rodoanel, que é o ponto de partida para o início da alça Leste do empreendimento.  

 

A rodovia tem 43,5 quilômetros de extensão e vai interligar o trecho Sul, desde sua ligação com a Avenida Papa João XXIII, em Mauá, até a Rodovia Presidente Dutra, em Arujá. O traçado da via percorre o território de seis municípios. Ribeirão Pires, Mauá, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba e Arujá são as cidades que ficam às margens do terceiro trecho do Rodoanel.  

 

Para o diretor-presidente interino da Codesp, Renato Barco, a conclusão do trecho Leste do Rodoanel destaca-se como uma das ações estratégicas para dar fluidez ao intenso tráfego de veículos gerado pelas atividades portuárias. A importância da obra se torna ainda maior com o aumento na movimentação de cargas e a entrada em operação dos novos terminais do cais santista.  

 

“Com o aprofundamento do canal de navegação do Porto para 15 metros e seu alargamento para 220 metros, recentemente concluído, esperamos um aquecimento maior na movimentação de cargas, com a chegada de navios de maior porte. Soma-se a isso a entrada em operação, no início do próximo ano, de mais dois grandes terminais. Esse cenário exigirá investimentos nos acessos externos ao porto”, afirma. 

 

As obras foram divididas em três fases, de um ano cada, e foram iniciadas em março do ano passado. Para os primeiros 12 meses, ficaram reservados 5% dos serviços. As questões burocráticas como desapropriações e projetos executivo e ambientais foram reservados para este período.  

 

Neste ano, 40% das obras estão sendo executadas e de março do ano que vem a março de 2014, os 55% restantes. De acordo com o diretor de Engenharia da SP Mar, José Alberto Bethonico, as obras foram iniciadas com o acesso do trecho Leste, que se interliga com o trecho Sul e com as primeiras detonações do túnel Santa Luzia, que servirá como fonte de material para a construção de vigas e estacas utilizadas do Rodoanel.  

 

O empreendimento tem números que chamam a atenção. O volume de concreto estimado para toda a obra é de 550 mil metros cúbicos, o equivalente ao utilizado na construção do Aeroporto de Internacional de Cumbica, em Guarulhos. Já a quantidade total de brita (pavimento, concreto e drenos) é de 2 milhões de metros cúbicos, que dariam para encher 27 piscinões do Estádio do Pacaembu. 

 

Os 43,5 quilômetros de extensão foram divididos em dez lotes e cada um deverá receber uma licença ambiental. De acordo com Bethonico, três deles ainda estão em fase de definição executiva e devem ter as obras iniciadas no final deste ano.  

 

Frentes de trabalho 

 

Os primeiros trabalhos físicos foram iniciados em 17 de agosto do ano passado, no lote 4, que está localizado em Ribeirão Pires e ligará trevo do Km 86 com o Túnel Santa Luzia, ambos já em obras.  

 

No momento, existem quatro frentes de trabalho. O primeiro é no trevo do km 86, que ligará o trecho Sul do Rodoanel ao trecho Leste e à Avenida Papa João XXIII em Ribeirão Pires. O viaduto está pronto e os operários trabalham em aterros e lajes de aproximação, na drenagem de bueiros, canaletas e galerias e no muro de contenção do Km 87. 

 

A segunda frente é o Túnel Santa Luzia. Ele teve obras iniciadas em novembro do ano passado e deve ser concluído em outubro do ano que vem. Já a terceira frente de trabalho são os primeiros quatro quilômetros do Encontro Leve Estruturado, que fica entre Suzano e Itaquaquecetuba e passa por Poá. Já foram produzidas as primeiras 567 estacas e destas 388 já foram cravadas nas duas seções que servirão como base para a construção do restante do viaduto.  

 

Por fim, a fábrica de vigas em Suzano já produziu 567 estacas, 62 vigas travessas e 387 vigas longarinas para o Encontro Leve Estruturado. A previsão é que a produção das vigas esteja finalizada em novembro de 2013, para que seja concluída a obra até dezembro do mesmo ano. 

 

Desapropriações 

 

Uma adequação no projeto executivo reduziu em cerca de 40% o número de desapropriações previstas no projeto inicial do trecho Leste do Rodoanel. Isto aconteceu graças à definição da faixa de domínio da rodovia, que terá 130 metros. A distância é 70 metros menor do que os 200 metros, que constam no Decreto de Utilidade Pública (DUP), previsto no contrato de concessão.  

 

Estavam previstas as desapropriações de 1.071 edificações e 91 áreas rurais. Após a mudança, cerca de 600 passarão a ser propriedade do Governo do Estado. O processo judicial foi concluído para apenas 34% dessas áreas.