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Efeito secundário da crise sanitária sobre o emprego

Fonte: O Estado de S. Paulo
 
A taxa de desocupação poderá se situar entre 17% e 18% da força de trabalho até o fim deste ano
 
Os péssimos dados de emprego apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponíveis até abril serão ainda piores em maio por dois motivos. Primeiro, é substancial o número de pessoas que foram diretamente atingidas pela crise do novo coronavírus e que não puderam procurar emprego. Segundo, porque crescerá muito o volume do desemprego que vai aparecer na próxima Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE.
 
Reportagem do Estadão de 25/6 mostrou que aumentou substancialmente o número de pessoas que se tornaram indisponíveis para o mercado de trabalho porque contraíram o novo coronavírus ou porque tiveram de cuidar de alguém doente. Foi o que revelou levantamento do pesquisador Marcel Balassiano, da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), com base nos dados da Pnad Contínua de abril. Mais de 1 milhão de pessoas estariam incluídas nessas duas hipóteses e o quadro tende a se agravar. Segundo Balassiano, “o mercado de trabalho tende a piorar”.
 
Como a Pnad Contínua é calculada com base em médias móveis trimestrais, as informações de abril incorporam um mês (fevereiro) em que a crise não estava estabelecida nem se previa sua intensidade. A próxima divulgação vai abranger os dados do trimestre março/maio – ou seja, incluirá o que ocorreu em dois meses e meio de crise plena (como é tratado o período posterior a 15 de março). A taxa de desocupação, nos cálculos da FGV/Ibre, poderá se situar entre 17% e 18% da força de trabalho até o fim deste ano.
 
O impacto da falta de ocupação – ainda que informal – sobre as famílias já é e continuará sendo brutal, só sendo compensado parcialmente pelo pagamento do auxílio emergencial pelo governo federal, mesmo que esse pagamento seja prorrogado de três para cinco meses, como se tem aventado nos últimos dias. Mas esse impacto também provocará perdas enormes para a atividade econômica, cujo ritmo depende, acima de tudo, da renda e do consumo das famílias.
 
Fica evidente, assim, o efeito negativo brutal da crise sanitária sobre a saúde da economia, deixando claro o custo para os trabalhadores da subestimação dos ônus da doença evidenciada pelo presidente Jair Bolsonaro.
 

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