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Desemprego pode ser o maior dos últimos 25 anos, preveem analistas

Fonte: Valor Econômico
 
 
A força de trabalho do país em busca de emprego deverá crescer neste ano para o nível mais elevado em, pelo menos, 25 anos por causa da crise, mostram cálculos paralelos feitos pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e pela LCA Consultores. Para chegar a essa conclusão, o Ibre/FGV e a LCA costuraram e trataram diferentes pesquisas do IBGE para criar uma série histórica mais longa do mercado de trabalho, já que a série da atual pesquisa, a Pnad Contínua, retroage apenas até 2012
 
Os levantamentos mostram que nem na recessão econômica que durou de 2014 a 2016, nem nas sucessivas crises dos anos 1990, quando país preciso recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), a perda de vagas terá sido tão intensa quanto da recessão que se anuncia. Segundo Daniel Duque, pesquisador do Ibre/FGV, a taxa de desemprego deverá crescer para 18,7% na média anual de 2020, acima da média de 11,9% do ano passado. Se confirmada a projeção, será a maior taxa desde 1992, início da série histórica elaborada pelo instituto. Diferentemente de crises anteriores, desta vez o setor informal não vai funcionar como um “colchão” para os demitidos.
 
“Quem já perdeu o emprego nesse momento foi uma grande parcela dos informais. Muitos destes migraram para fora da força de trabalho. No entanto, muitas empresas formais também estão demitindo, e a ocupação informal não é mais uma possibilidade para estes que foram demitidos”, explica Duque. Na série reconstruída pelo Ibre/FGV, os piores momentos do mercado de trabalho foram registrados em 1999, ano em que o Brasil deixou o real flutuar, abandonando o regime de câmbio administrado. A taxa de desemprego foi de 11% na média daquele ano. Ela atingiria novamente esse percentual em 2003, primeiro ano do governo Lula.
 
A deterioração do mercado de trabalho foi mais intensa, no entanto, na recessão recente do país, do segundo trimestre de 2014 até o quarto trimestre de 2016. No mercado de trabalho, o pico do desemprego gerado por essa crise foi em 2018, com taxa média anual de 12,7%. Nas projeções da LCA, a taxa de desemprego deverá subir de 12,2% no primeiro trimestre para 15,4% no quarto trimestre, sem ajuste sazonal. Essa taxa será a maior registrada desde 1996, início da série construída pela consultoria, superando o atual recorde do primeiro trimestre de 2017 (13,7%). No pior cenário da consultoria, a taxa chegaria a 25% ao fim deste ano. 
 
Cosmo Donato, economista da LCA Consultores e autor dos cálculos, prevê que 2,6 milhões de pessoas devem perder seus empregos até o fim deste ano, pelo cenário básico. Nos seus cálculos, o mercado de trabalho viveu seu primeiro bom momento na história recente logo após a implementação do Plano Real, quando a taxa de desemprego oscilou de 6,6% a 6,7% ao longo de 1995. O segundo melhor momento da taxa de desemprego foi registrado no primeiro mandato do governo Dilma Rousseff, entre 2013 e 2014. A taxa de desemprego chegou a registrar 6,2% no quarto trimestre de 2014, a mais baixa ao longo de toda série.
 

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