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Emprego é preocupação central

Fonte: Valor Econômico
 
Com a demanda travada e o isolamento social daqueles que podem ficar em casa, uma das preocupações centrais em meio à pandemia é a preservação do emprego no país. Para Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, é preciso agilidade para evitar demissões, permitindo que as empresas atravessem a crise - sobretudo as pequenas e médias - e consigam aos poucos retomar as atividades para, mais adiante, poder acolher jovens que estão chegando ao mercado.
 
“O maior desafio, agora, é manter os empregos. Nós focamos para ver o que poderíamos fazer agora, por enquanto, para manter emprego e não sair demitindo”, diz a empresária, que participou do evento “E agora, Brasil?”, ressaltando as mudanças rápidas ocorridas. “Levei dez anos para o novo chegar da noite para o dia. A gente tinha a missão de levar digitalização àqueles que não tinham e não podiam e, em cinco dias, está quase todo mundo digitalizado. É um novo inesperado que a gente vai ter que ter muita cautela, muita humildade e muita união para lidar com ele”, diz. 
 
Com quase 40 mil funcionários, o Magazine Luiza dispensou trabalhadores em contrato de experiência - mas não aqueles que haviam saído de outra empresa para trabalhar com eles - e deu férias a grande parte dos colaboradores. Na terça-feira, anunciou ainda que vai reduzir em 80% a remuneração do presidente e do vicepresidente da companhia e já avalia como vai usar as regras da MP 936 - que permite reduzir jornada e salário ou suspender contrato do trabalhador, com compensação via seguro-desemprego. “O Congresso passou rápido as medidas. E, de repente, temos agora que passar as medidas tomadas para não mandar embora para o sindicato.
 
Criamos uma burocracia danada que, neste momento, não dá”, comenta Luiza, referindo-se à liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que exige que acordos individuais entre patrão e empregado sejam validados pelos sindicatos. Para a economista Zeina Latif, o atual momento exige ações rápidas: “ É uma crise que pede medidas urgentes, e você vai lá e, numa decisão monocrática, impõe uma obrigação assim? Tudo isso prejudica a eficácia das políticas”. Em nota, o Supremo informou que o plenário da Corte deve analisar a liminar do ministro na sessão do próximo dia 16.
 
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto de Almeida, afirma que atender os empresários é um dos grandes desafios do governo atualmente: “Eu acredito que tem vários empresários que estão fazendo de tudo para manter o emprego. Mas, hoje, eles não têm fluxo de caixa. Então, o governo tem que entrar também, na medida do possível, com vários programas para ajudar na manutenção do emprego”. Num país que somou 12,3 milhões de desempregados em fevereiro, segundo o IBGE, Zeina alerta que a retomada pós-crise não vai ser fácil. “É parada brusca, mas com consequências duradouras. O impacto é grande no caixa das empresas, no desemprego, então a confiança de consumidores e empresários demora a voltar.”
 
Luiza destaca ainda que o mercado de trabalho, que já vinha em transformação, com as restrições econômicas impostas pela pandemia da covid-19, vai mudar ainda mais, principalmente em relação aos mais jovens. “Eles só vão ter emprego se enfrentarmos a desigualdade social”, observa, destacando que é preciso ainda habilidade emocional. “Vimos que se contrata pela capacidade técnica, mas se manda embora pelo comportamento. Então, acima de tudo, tem de ter capacidade para saber lidar com pessoas.
 

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