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DPW não prevê paralisação em portos no Ocidente

Fonte: Valor Econômico
 
A DP World, uma das maiores operadoras de terminais portuários do mundo, não enxerga a possibilidade de a epidemia de coronavírus provocar uma paralisação logística no Ocidente, como a que ocorreu na China, avalia Marcelo Felberg, diretor financeiro do grupo na região das Américas.
 
No auge da crise do país asiático, diversos terminais portuários ficaram parados, e caminhões e linhas ferroviárias deixaram de operar em algumas regiões.
 
Já nos países da América operados pelo grupo, porém, não há qualquer interrupção atualmente, segundo o executivo. Existe uma percepção comum entre os governos de que os portos precisam ficar abertos. É algo prioritário, nem nas guerras os portos foram fechados, afirma.
 
Mesmo nos países que implementaram toque de recolher, temos tido autorização para movimentar carga. Em alguns deles, apenas para carga essencial, em outros para carga geral, diz ele, que é responsável pela operação no Brasil (em Santos), Canadá, Chile, Argentina, Peru, Equador, República Dominicana e Suriname.
 
Para o diretor, há uma diferença crucial no cenário chinês e o atual, no Ocidente: o nível de informação sobre a doença. Em um primeiro momento, na China, não havia clareza sobre os efeitos, a forma de transmissão. Isso gerou muita incerteza. Hoje, sabemos como nos prevenir, criamos protocolos para operar com segurança, o que não havia naquele momento.
 
Felberg admite, porém, que há impactos na movimentação. Em um primeiro momento, a região sofreu com a redução de carga vinda da Ásia, quando a epidemia estava mais grave no continente. Hoje, há uma reversão, mas em compensação há o impacto negativo vindo da Europa, que reduziu seu consumo, afirma.
 
A vantagem dos países da América Latina, diz ele, é que grande parte da carga exportada é de alimentos, cujas vendas são mais resilientes. Em compensação, esse tipo de carga também tem uma recuperação mais difícil uma vez que a crise se encerre – é o caso, por exemplo, de frutas, cuja safra começa a partir de abril no hemisfério Sul, e de pescados.
 
Para o executivo, ainda é muito cedo para dimensionar o efeito da crise na receita, mas a expectativa é que não haja impacto significativo a não ser que a pandemia e o isolamento social se prolonguem demais. [Se durar] três meses acho que a operação seria pouco afetada. É muito difícil fazer essa avaliação hoje.
 
A DP World também tem monitorado de perto possíveis movimentos que possam travar operações. No caso do Porto de Santos, por exemplo, a categoria dos estivadores tem ameaçado uma paralisação. Em alguns países, temos tido reuniões constantes com autoridades portuárias, sanitárias, sindicatos, para deixar todos tranquilos em relação à proteção das equipes, diz.
 
A companhia ainda não pretende suspender seus planos de expansão – os mais significativos previstos para os próximos dois anos estão no Canadá, Peru e República Dominicana. O executivo tem conversado com os bancos financiadores dos projetos para viabilizá-los.
 
No caso do Brasil, onde não há ampliações em curso, a DP World enxerga as medidas de apoio anunciadas pelo BNDES como adequadas e suficientes para o grupo, cuja operação em Santos tem financiamentos com o banco de fomento, a Caixa e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A empresa ainda não decidiu se vai aderir à suspensão, por seis meses, do pagamento de dívidas com o BNDES.
 
O grupo também não pretende desmobilizar funcionários que não estejam em grupos de risco ou equipamentos. A avaliação é que, se houver uma redução da operação agora, a empresa não terá como atender a demanda quando houver uma retomada e poderá perder fatia de mercado. Nossa previsão é que, quando houver uma retomada, ela será rápida e forte, diz.
 

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