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Brasil teve 1.074 greves até novembro; ano deve fechar com redução de 20%

Fonte: Poder 360
 
Desemprego influenciou. Pior resultado desde 2016.
 
 
Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) obtidos pelo Poder360 mostram que o Brasil teve 1.074 greves de janeiro a novembro deste ano. Em todo o ano de 2018, foram registadas 1457 paralisações. Se o mesmo ritmo for mantido em dezembro, o ano deve fechar com  redução de 20% no número de greves.
 
Rodrigo Linhares, técnico do Dieese responsável pelo banco de greves do órgão, aponta 3 motivos para a redução.
 
economia patinando – alta taxa de desemprego, que ficou em 11,6% no trimestre encerrado em outubro, a elevada informalidade (atualmente 36 milhões de pessoas trabalham sem carteira de trabalho assinada ou por conta própria) e pessimismo dos setores grevistas relação à possibilidade de vitória diante da situação fiscal do país;
 
sindicatos fracos – essas organizações perderam força e recursos nos últimos anos. Segundo estimativa do Poder360, a arrecadação das entidades com contribuições sindicais deve cair 80% em 2019. O volume de recursos atingiu R$ 91,7 milhões no acumulado de janeiro a novembro. Em 2018 inteiro, foi de R$ 500 milhões;
 
governo hostil – temor da possível reação da gestão de Jair Bolsonaro com as categorias. O presidente emite sinais hostis a possíveis paralisações.
 
No setor público, foram registradas 551 greves até novembro de 2019 (51,3%). Dessas, 508 foram no funcionalismo público. Os servidores municipais realizaram o maior número, 316. Em seguida vêm funcionários estaduais (176) e federais (12). As outras 43 paralisações no setor público foram em empresas estatais, como a Petrobras.
 
Na esfera privada, o setor de serviços foi responsável por 77,8% (404) dos movimentos grevistas registrados. A indústria representa 21,6% (112), seguida do comércio, com 0,6% (3).
 
 
De acordo os dados do Dieese, o Brasil teve o maior número de greves nesta década em 2016, quando foram registradas 2.114 paralisações. Os números caíram para 1.568 em 2017 e 1.457 em 2018.
 
Apesar disso, segundo Linhares, a quantidade de paralizações registrada em 2019 está em 1 patamar elevado para a série histórica. “É o menor número de greves  desde 2013. Mas ainda assim é 1 número muito mais alto do que toda década de 90 e a 1ª década dos anos 2000. Esses números vêm diminuindo nesse compasso. De 2017 para 2018, o percentual [de queda] foi no mesmo patamar de 2019.”
 
 
O especialista, no entanto, se diz surpreso que o número não tenha caído mais em 2019. Segundo ele, todos os indicadores apontavam para uma maior redução. Mas houve uma mudança no perfil do movimento grevista.
 
A maior parte das paralisações deste ano (81,3%) foi catalogadas como “defensivas” pelo Dieese. Ou seja, as categorias batalharam para não perder benefícios já adquiridos. “Tem uma particularidade nessas greves. Se a gente compara as reivindicações de 2018 e 2019 com as de 2013 e 2014, vemos que são muito diferentes. A grande questão hoje é o atraso salarial, principalmente em empresas contratadas pelo Estado”.
 
“Legalmente, para os governos, é mais complicado atrasar o pagamento daqueles funcionários estatutários do que atrasar repasse para empresas. [Os governos] continuam pagando o funcionalismo público, mas em situação de dificuldade orçamentária, a 1ª área a receber os cortes na falta de dinheiro são as empresas. Esses funcionários ficam ainda mais fragilizados por conta disso”, afirmou o técnico.
 
Linhares sugere que uma melhor regulação e fiscalização dos setores pode ajudar a mitigar esse tipo de problema.


 

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