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Estatais enxutas

Fonte: A Tribuna On-line
 
Lucro maior é resultado do processo de reestruturação das companhias, somando alguns fatores que têm proporcionado maiores dividendos à União
 
As empresas estatais no Brasil sempre foram associadas a excessos e ao desperdício. Apesar da eficiência demonstrada em suas atividades – basta observar o caso da Petrobras, cujo padrão de qualidade técnica fez dela empresa destacada no cenário internacional – prevalece imagem de privilégios corporativos. Os escândalos de corrupção recentes pioraram ainda mais o quadro, com o envolvimento de diretores e gerentes em grandes desvios de dinheiro.
 
Cresceu a pressão pela privatização das estatais – a Eletrobras e os Correios liderando a lista – e nota-se que, independentemente do avanço dessas propostas, as grandes empresas públicas federais vêm apresentando resultados positivos. De um lado, houve a redução do número de funcionários, com 71 mil a menos nos últimos cinco anos. Há atualmente 481.850 contratados, diminuição de 12% em relação ao pico da série histórica, observado no final de 2014.
 
Houve a reversão nesse movimento: após expansão no quadro de pessoal entre 2006 e 2014, que terminou com 552.856 funcionários (crescimento acumulado de 28,1%), aconteceu a reversão, iniciada em 2015, e que foi acelerada no governo de Michel Temer: os cortes foram de 3,4% em 2016, 5,1% em 2017 e 1,6% em 2018. Os ajustes continuaram no primeiro ano de Jair Bolsonaro na presidência, com redução de 2,9% no final do terceiro trimestre de 2019, quando comparado com o fim de 2018. 
 
A Petrobras foi quem mais reduziu o número de funcionários, com queda de 18% desde o fim de 2014, seguida de perto pelos Correios (redução de 17,2%). Na Caixa, os cortes foram de 15,5% e no Banco do Brasil de 14,1% no mesmo período. A orientação, segundo o secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Economia, Fernando Soares, é que a atividade das estatais seja feita, do ponto de visa pecuniário e da geração de política pública, com os menores custos possíveis. 
 
O mais importante, porém, foi o melhor desempenho financeiro das empresas públicas. Cinco delas – Petrobras, Eletrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – registraram um aumento no seu lucro de quase 70% no período de janeiro a setembro deste ano, quando comparado com igual período de 2018. Os ganhos foram de R$ 85,2 bilhões, contra R$ 50,2 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado.  
 
O lucro maior é resultado do processo de reestruturação das companhias, com redução do endividamento e gastos com pessoal, além de ganhos com produtividade, fatores que, somados, têm proporcionado maiores dividendos à União. A privatização continua na pauta do governo, mas os números atuais demonstram que é possível melhorar, de modo significativo, o desempenho das estatais, rompendo assim antigas teses sobre sua ineficiência estrutural.
 

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