Notícias

Peso da inteligência emocional só aumenta no ambiente de trabalho

Fonte: Folha de S. Paulo
 
Funcionários autoconfiantes, calmos e empáticos turbinam resultados de empresas, mostram estudos
 
Inteligência emocional é mais que modismo. Estudos e especialistas sugerem que sua aplicação no ambiente de trabalho melhora mesmo o desempenho.
 
Muito repetida no mundo corporativo, a expressão “inteligência emocional” se refere a um grupo de competências ligadas a autoconsciência, empatia, calma, autocontrole. É uma espécie de contraponto às capacidades cognitivas.
 
Já que tarefas dependentes de capacidades cognitivas logo serão feitas por computador —e bem-feitas—, é bom treinar para manter a calma no ambiente profissional. 
 
“Essas habilidades serão o centro dos negócios no futuro”, diz David Baker, um dos fundadores da The School Of Life Brasil, instituição de ensino voltada ao desenvolvimento de inteligência emocional.
 
Para Baker, essa habilidade é uma grande aliada da inovação. Mais relaxados, funcionários conseguem ser mais criativos e pensar em novas ideias, defende ele.
 
A rotatividade nas empresas também diminui, já que os colaboradores se sentem mais felizes e alinhados com o propósito da companhia. 
 
Uma empresa que aposta em práticas do tipo é a rede de hotéis Four Seasons. A cada 15 dias, seus funcionários participam de treinamento cujo objetivo é reduzir a ansiedade e elevar a autoconfiança.
 
Betina Weber, 35, gerente de spa da rede de hotéis e uma das facilitadoras do programa, diz que a autoconsciência trabalhada no programa garante melhor conexão entre funcionários e hóspedes.
 
“Prestar atenção nas pessoas, olhar nos olhos e escutá-las de verdade passou a ser o maior presente que oferecemos”, afirma Weber. 
 
A empresa patrocinou uma pesquisa feita pela Harvard Business Review que mapeou a aplicação da inteligência emocional no ambiente corporativo. Segundo o estudo, que entrevistou 599 pessoas, só 18% dos empregados reconhecem que o conceito está incorporado à cultura do lugar onde trabalham. 
 
Os resultados também mostraram uma percepção de consumidores mais satisfeitos e de clientes mais fieis entre funcionários de companhias que estimulam a inteligência emocional. Isso reafirma a avaliação de especialistas segundo a qual a empresa que trabalha esse conceito tem melhor desempenho.
 
Adriana Fellipelli, presidente da Fellipelli, consultoria de desenvolvimento humano e organizacional, lembra que um dos pontos positivos é que, diferentemente da inteligência cognitiva, habilidades relativas à maneira como nos relacionamos no trabalho podem ser aprimoradas.
 
Segundo a consultora, estudos que ela acompanha mostram que competências emocionais respondem por até 45% do sucesso do trabalho de um funcionário.
 
Há três anos, a companhia de pagamentos Visa adota no Brasil práticas para desenvolver essas habilidades. Segundo o setor de RH, uma das primeiras técnicas usadas pela empresa foi a de mindfulness, meditação que treina a atenção no momento presente.
 
O impacto dessa ação apareceu na última pesquisa de clima organizacional (que mede percepção de funcionários), feita em 2018: foi o resultado mais positivo dos últimos cinco anos, com destaque para o orgulho dos empregados em relação ao lugar em que trabalham e para um maior equilíbrio entre vida pessoal e carreira.
 
Guilherme Malfi, sócio-fundador da consultoria de recrutamento Assetz Expert, afirma que as empresas com programas de inteligência emocional registram aumento de produtividade, e que há uma procura maior por essas competências já no recrutamento. 
 
Malfi diz ainda que a falta dessas habilidades causa doenças e leva muito profissional a desistir da carreira. “Isso não tem acontecido pouco.”
 
Saúde mental é o eixo do programa que incorpora aprendizado de inteligência emocional na SAP, empresa de tecnologia com 2.200 funcionários no Brasil. Aberto a todos os profissionais, inclui mindfulness, técnicas de respiração e de introspecção.
 
“A ideia é que você tenha sua mente livre e equilibrada para desempenhar seu trabalho melhor”, afirma Eliane De Mitry, gerente de RH da SAP Brasil. “O impacto dessas práticas aparece no trabalho, nos resultados e na saúde”, diz.
 
ESPM CRIA LABORATÓRIO DE AUTOCONHECIMENTO PARA TODOS OS CURSOS
 
A partir de 2020, a ESPM desenvolverá os temas de autoconhecimento e dimensão socioemocional da aprendizagem para todos os cursos de graduação. 
 
Segundo Alexandre Gracioso, vice-presidente acadêmico e mentor do projeto, a disciplina introdutória será o laboratório de aprendizagem, composto por quatro módulos e focado em autoconhecimento e aprendizagem. 
 
Os alunos deverão propor um plano de rotina para a organização de seu tempo, que pode incluir meditação. 
 
“Empresas estão demandando pessoas mais bem desenvolvidas do ponto de vista de relacionamento e comportamento”, afirma.
 

Imprimir Indicar Comentar

Comentários (0)

Compartilhe