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Informalidade explica aumento da massa salarial no país

Fonte: Valor Econômico


 
Apesar dos baixos salários e menor produtividade, as ocupações informais têm sustentado a recuperação da massa de rendimentos neste ano, como é chamada a soma de todos os salários recebidos pelos trabalhadores do país. A conclusão é de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta quarta-feira.
 
No segundo trimestre, a massa de rendimentos somou R$ 208,435 bilhões, crescimento de 2,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Nos cálculos do Ipea, o resultado foi puxado pela alta de 4,6% da massa salarial dos trabalhadores sem carteira assinada e de 3,7% para os trabalhadores por conta própria.
 
“A massa salarial dos trabalhadores formais (com carteira e funcionários públicos) subiu apenas 1% no período”, destacou a pesquisadora Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, e autora do documento.
 
O aumento da massa salarial dos trabalhadores informais é sustentado pelo maior número de pessoas dedicadas a essas ocupações precárias. Nos cálculos do IBGE, 41,3% da população ocupada estava na informalidade no trimestre móvel até julho. Esse dado era de 40,9% no trimestre móvel até abril.
 
Os empregos informais têm sido apontados por parte dos economistas como um dos fatores por trás do lento ritmo de recuperação da economia. Sustentada pela informalidade, porém, o avanço da massa salarial é um relevante indicador de capacidade de consumo das famílias.
 
A taxa de desemprego nacional não apresentou uma queda mais acentuada nos primeiros sete meses deste ano porque uma parcela maior dos trabalhadores decidiu deixar a inatividade e buscar uma inserção no mercado de trabalho, mostram cálculos do Ipea.
 
De acordo com o instituto, a taxa de desemprego nacional estaria em 10,9%, não fosse o aumento da população economicamente ativa (PEA) de janeiro a julho deste ano, de 1,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Isso significa que a taxa de desemprego estaria quase 1 ponto percentual abaixo da atualmente registrada.
 
“O crescimento da taxa de atividade no segundo trimestre destoa da evolução recente”, avalia Maria Andreia Parente Lameiras. “Se a força de trabalho apresentasse, em 2019, uma dinâmica similar à observada em 2018, a taxa de desocupação no último trimestre móvel, encerrado em julho, seria de 10,9%.”
 
O ambiente mais benigno do mercado de trabalho é responsável pelo movimento de saída de trabalhadores da inatividade. Segundo o Ipea, o fluxo de saída de trabalhadores da inatividade para a ocupação foi especialmente significativo no segundo trimestre. “Esse movimento ainda é reforçado por uma queda no fluxo inverso de entrada de trabalhadores na inatividade”.
 
O Ipea aponta que esse movimento de recomposição da força de trabalho no país está sendo acompanhada pelo aumento da escolaridade. Ou seja, existe uma contração do número de trabalhadores com menos anos de estudo e, por consequência, uma elevação do contingente de indivíduos com formação mais alta.
 
“A população ocupada no mercado de trabalho vem se tornando cada vez mais instruída. No segundo trimestre de 2019, na comparação interanual, enquanto os grupos de trabalhadores ocupados com ensino fundamental incompleto e completo recuaram 2,9% e 1,8%, respectivamente, os com ensino médio e superior avançaram 4,1% e 6,3%”.
 
Esse aumento da escolaridade média é fruto, portanto, de um indesejável movimento de exclusão dos trabalhadores menos instruídos do mercado de trabalho.
 

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