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Infraestrutura - balanço positivo

Fonte: A Tribuna On-line / Milton Lourenço*
 
Na edição da coluna, o empresário e agente de carga logística fala sobre as ações do ministério responsável pelo setor durante os primeiros meses do governo Bolsonaro
 
Ao se fazer um balanço dos primeiros seis meses do governo Bolsonaro, sem dúvida, o que se destaca é a assinatura do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que, depois de negociado por mais de 20 anos, tem tudo para fortalecer a economia dos dois blocos, pois, além de acesso a mercados, inclui compras governamentais, medidas fitossanitárias, propriedade intelectual e outros segmentos.
 
Segundo especialistas da UE, com o acordo, deixarão de ser cobradas tarifas por ano no montante de 4 bilhões de euros (US$ 4,5 bilhões), o que, num prazo de 10 a 15 anos, resultará em ganhos de US$ 87,5 bilhões a US$ 125 bilhões, estimulando as economias dos dois lados, pois esse crescimento trará novos investimentos, com aperfeiçoamento tecnológico e inovação. 
 
Mas não se pode imaginar o acordo Mercosul-UE como uma panaceia para todos os males que afetam a economia brasileira que, por sinal, encontra-se estagnada, com queda de 0,2% no primeiro trimestre e crescimento próximo de zero no segundo trimestre, o que resultará numa evolução pífia ao final deste ano. Tanto que a previsão para o produto interno bruto (PIB), que começou o ano com 2,5%, já caiu para 0,87%, segundo o Boletim Focus do Banco Central.
 
A médio prazo, espera-se, porém, que essa tendência seja revertida, especialmente a partir de investimentos em obras de infraestrutura. De se ressaltar é a prioridade que o governo Bolsonaro deu ao setor, a partir da nomeação do ministro Tarcísio Gomes de Freitas, antigo diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que não é filiado a nenhum partido político, constituindo um quadro técnico. Por seu lado, rompendo uma nefasta tradição de indicações políticas, o ministro só nomeou técnicos para os departamentos que atuam sob a sua direção.
 
O resultado dessa orientação pode ser constatada nas decisões do Ministério, que leiloou em seis meses concessões para 12 aeroportos e quatro terminais portuários, além de reorganizar as áreas poligonais (limites físicos da área do porto) de 16 portos nacionais, de maneira a amenizar as incertezas que pairam quanto às jurisdições dessas áreas, algumas delas ocupadas por empreendimentos que nada têm a ver com a atividade portuária. 
 
Neste mês, vai arrendar no Porto de Santos uma área destinada à movimentação e armazenagem de granéis líquidos, especialmente combustíveis, na Ilha Barnabé, e outra em Outeirinhos, destinada à movimentação e armazenagem de granéis sólidos minerais, com foco em sais e fertilizantes. 
 
Segundo cálculos do Ministério da Infraestrutura, o nível de investimento anual em infraestrutura deve chegar a R$ 300 bilhões em 2022, o que impulsionaria a criação de dois milhões de empregos. É de se lembrar que esse tipo de investimento, em 2018, chegou a R$ 120 bilhões, o que equivale a apenas 1,7% do PIB, percentual baixo se comparado com o da China, que investe mais de 10% de seu PIB em infraestrutura.
 
Alvissareiro também é o anúncio que o ministro fez de um plano que prevê a atração de investimentos estrangeiros para rodovias, portos, aeroportos e ferrovias, com o objetivo de aumentar a rede logística e eliminar gargalos, o que redundará em fretes menos caros, colocando o Brasil em igualdade de condições com outras nações em desenvolvimento em que as grandes cargas são transportadas nos modais ferroviário e hidroviário. 
 
É o que se prevê a partir do anúncio da assinatura do contrato de concessão da Ferrovia Norte-Sul com a empresa Rumo para o trecho de 1.537 quilômetros que ligará Estrela d´Oeste, em São Paulo, a Porto Nacional, em Tocantins, que carregará não só commodities como contêineres. Tudo isso, naturalmente, significará produtos mais competitivos tanto no setor agropecuário como no industrial.
 
*Milton Lourenço, empresário e agente de carga e logística
 

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