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Risco de perder emprego é razão de preocupação para 46% dos trabalhadores

Fonte: Época
 
Pesquisa da Associação Comercial de São Paulo sinaliza aumento de insegurança no mercado de trabalho
 
O brasileiro voltou a ficar mais inseguro em relação ao emprego. No começo do ano, dos entrevistados, uma fatia de 34% receava perder o trabalho. Em junho, essa parcela chegou a 46%, segundo levantamento nacional da Associação Comercial de São Paulo. O medo de perder a colocação no mercado de trabalho tem efeito direto na confiança da economia. Em resumo, esse trabalhador fica com medo de consumir, restringe os gastos e isso dificulta a retomada da atividade econômica. 
 
"O emprego continua sendo a preocupação de todo mundo porque o mercado de trabalho está demorando para engrenar. O mais problemático é que quem perde emprego está demorando mais para se realocar. Em outras crises, as oportunidades surgiam em um prazo mais curto", disse Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo. 
 
A taxa de desemprego está em 12,3%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa dizer que 12,9 milhões estão sem trabalho. Mesmo entre os que conseguiram alguma vaga recentemente, predomina a chamada  subocupação (menos de 40 horas semanais de trabalho) ou o trabalho por conta própria.
 
Enquanto essa situação perdurar, avalia Solimeo, dificilmente o brasileiro voltará a ficar otimista com a economia.  O Índice Nacional de  Confiança em junho ficou em 94 pontos, um recuo de cinco pontos na comparação com maio e mais de dez pontos de queda no ano (índices acima de 100 pontos mostram confiança na economia). A pesquisa ouviu 1.237 pessoas em todo o país.
 
"Enquanto o desemprego estiver nesse nível, dificilmente vamos ver uma confiança acima de 100 pontos. Passar desse patamar é o mínimo para dizer que o pessimismo não domina. Esse índice vai até 200 pontos e já chegamos a 180 em 2011", lembrou.
 
Para Solimeo, a retomada do emprego está lenta porque as empresas, durante a crise, fizeram ajustes não só de mão de obra, mas também de processos, o que adia a necessidade de contratação de pessoas em um fase  inicial da retomada da economia. Um avanço mais concreto só viria com a retomada dos investimentos.
 
"A liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) devem dar algum alívio na economia, mas nada extraordinário. Mas com o avanço da Previdência, a expectativa é que o governo adote medidas que possam estimular os investimentos", concluiu.
 
O pessimismo do brasileiro com a economia se reflete nas intenções de gastos futuro. A pesquisa mostra que cresceu a parcela de consumidores com receio de comprar itens de maior valor, como um carro ou um imóvel (passou de 58% para 61%) e essa cautela está presente também no interesse em se adquirir eletrodomésticos (subiu de 46% para 49%).
 
O consumo das famílias responde por cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Essa fraqueza no consumo é um dos componentes que tem levado as projeções do PIB para baixo. O último relatório Focus do Banco Central, que consolida as projeções de analistas econômicos, aponta para uma expansão de 0,81% neste ano.
 

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