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Melhora da massa salarial no 1º tri fica restrita a famílias das classes A e B

Fonte: Valor Econômico
 
O início do ano foi marcado pela ascensão mais veloz da massa salarial das famílias das classes A e B, o topo da pirâmide social, mostram cálculos da consultoria Tendências. Pelos diferentes "Brasis", essa elite da renda teve um desempenho distinto, melhor na região Sul e mais negativo na região Norte. Conforme os cálculos da consultoria, baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a massa de renda do trabalho cresceu 7,2% para as famílias da classe A no primeiro trimestre deste ano, frente ao mesmo período do ano passado.
 
Para a classe B, o avanço foi de 7,4% O bolo da renda das famílias da classe C ficou praticamente estável, com aumento de apenas 0,2% por essa base de comparação. Para as classes D/E, o quadro foi pior, com queda de 0,9% na massa salarial no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com Camila Saito, analista da Tendências e autora dos cálculos, o resultado melhor das famílias de maior renda pode ser explicado pela recuperação do mercado de trabalho concentrado em pessoas de escolaridade mais elevada, característica mais marcada na classe A - que soma 2,6 milhões de famílias.
 
Dados do IBGE mostram que o número de trabalhadores ocupados cresceu 1,8% no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado. Entre as pessoas de ensino fundamental, a ocupação recuou 3,1%. Já o número de ocupados com ensino superior completo ou incompleto avançou 7,2%. Outro fator para o melhor desempenho da classe A seria a maior presença de empregadores. São desde pequenos empreendedores até grandes empresários, que têm parte da renda atrelada ao lucro do negócio.
 
O lucro das empresas tem crescido, mesmo com a lenta recuperação da atividade econômica. "Em períodos de recessão, a massa de renda das famílias da classe A tende a mostrar pior desempenho e uma das razões é a maior concentração de empregadores. Em oposição, em períodos de retomada, a recuperação também tende a ser mais rápida nas famílias da classe A", disse a economista da Tendências. A consultoria estabelece que as famílias da classe A são aquelas com renda familiar total ao mês de R$ 18.462.
 
Esse valor médio de renda cai a cada degrau social, para as classes B (de R$ 5.929 a R$ 18.461), C (de R$ 2.459 a R$ 5.928), D e E (até 2.459). O critério é da própria consultoria, já que não existe um critério oficial. Na abertura do resultado por regiões, os destaques de avanço da massa da classe A foram as regiões Sul (21%) e Nordeste (15,5%) no primeiro trimestre, frente ao mesmo período de 2018. No Norte do país, a massa de renda da classe A apresentou queda de 8%, o pior desempenho das cinco grandes regiões.
 
"A região Sul apresenta melhores desempenhos em quase todos os indicadores de alta frequência neste ano, como na produção industrial, nas vendas do comércio e na massa de renda. A região tem desemprego estruturalmente menor que as demais regiões e informalidade também bem menor", diz Camila. O estudo mostra ainda que 19,1% das famílias brasileiras pertencem às classes A e B neste início de ano. Isso corresponde a cerca de 13,1 milhões de famílias. A proporção permanece inferior àquela registrada antes da recessão, quando 19,5% das famílias brasileiras pertenciam a esse topo da renda nacional. O estudo também estima que 25,7% das famílias brasileiras estão na chamada "nova classe média" brasileira, a classe C.
 
Essa classe respondia por 28,6% das famílias em 2016. No caso das classes D/E, são 41 milhões de famílias, mais do que a metade da população brasileira (55,7%). "A grave crise político-econômica tem forte consequência na reversão do processo de mobilidade social", diz a economista. "O menor dinamismo da economia, aliado a um mercado de trabalho com aumento da informalidade, é um fator que limita a retomada da mobilidade das classes."
 

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