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Ímpeto de privatizações perde força com aumento de incertezas políticas

Fonte: DCI
 
Apetite de investidores diminuiu com cenário turbulento e lista de ativos com alta probabilidade de venda reduziu; porém, ainda se espera andamento de concessões de rodovias e ferrovias
 
A perspectiva de privatizações e concessões na área de infraestrutura começou 2019 bastante positiva, mas logo perdeu força neste semestre, seja pelas incertezas políticas que estão retraindo os investidores, ou pela falta de articulação do governo federal.
 
O secretário de Desestatização e Desinvestimentos do Ministério da Economia, Salim Mattar, tem reforçado que a venda de estatais deve render R$ 1 trilhão durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), porém estimativas de instituições apontam um valor menor.
 
A economista chefe da Reag Investimento, Simone Pasianotto, prevê, por exemplo, que essas operações rendam cerca de R$ 200 bilhões até 2022. De janeiro de 2019 para este mês, ela diminuiu as projeções de probabilidade de venda de ativos e de concessões. A Telebrás, por exemplo, saiu do eixo de “alta probabilidade” para “média”.
 
“Isso porque não estamos vendo nenhuma articulação política vinda dos ministérios do governo. Além disso, a margem de retorno desse ativo, para os investidores, é baixa”, destaca Pasianotto.
 
Redução de interesse
 
Também se movimentaram de “média” para “baixa probabilidade”, a Empresa Construtora Brasil (ECB), a Casa da Moeda e o BNDES participações (BNDESpar). “Houve uma redução do apetite do investidor, diante de toda essa conturbação política”, conclui a economista-chefe da Reag.
 
Por outro lado, ativos e concessões com alta possibilidade de sair do papel nesta gestão são os terminais portuários (MA, SP, ES, RN e BA), o pacote de rodovias, a Ferrovia Norte-Sul (FNS), Ferrogrão, Lotex e a BR Distribuidora.
 
O economista da Pezco Economics, Helcio Takeda, destaca ainda que o processo de cessão onerosa de exploração do pré-sal também deve caminhar nessa gestão. Por outro lado, ele ainda tem dúvidas sobre a privatização dos Correios. Apesar de ser um ativo importante, Takeda ressalta que ainda faltam estudos sobre qual modelo será utilizado, além das incertezas sobre o apetite dos investidores.
 
O Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI), vinculado à Secretaria de Governo da Presidência da República (Segov), aprovou no último dia 8, a inclusão de 59 projetos no programa. A expectativa é arrecadar R$ 1,6 trilhão em quatro anos.
 
Também foi aprovada a alienação das ações da União no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e a venda das debêntures da Vale. A expectativa de arrecadação com essas duas vendas é de R$ 6 bilhões.
 
Segundo Salim Mattar, as privatizações deverão deslanchar em 2020 e 2021. “Estamos desinvestindo agora no IRB e na Vale. Este ano haverá muito desinvestimento. E vamos acelerar as privatizações em 2020 e 2021”, declarou. Para os especialistas, os desinvestimentos devem ter sucesso.
 

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