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Brasil melhora no desenvolvimento humano, mas desigualdades persistem

Fonte: Valor Econômico
 
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil teve pequeno crescimento entre 2016 e 2017, ao passar de 0,776 para 0,778, de acordo com o Radar IDHM, estudo feito pela Fundação João Pinheiro, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
 
O IDHM varia entre zero (nenhum desenvolvimento) e 1 (desenvolvimento total). Assim, o índice brasileiro se manteve na faixa de alto desenvolvimento humano. Persistem, contudo, as grandes desigualdades entre sexo, cor e regiões do país.
 
O aumento do IDHM em 2017 ocorreu a despeito da queda na renda naquele ano, que foi compensada pela melhora nos dados relativos à longevidade e à educação.
 
O valor da renda domiciliar per capita recuou 0,92%, de R$ 842,04 para R$ 834,31, reduzindo o IDHM Renda de 0,748 para 0,747. O estudo ressalta que, em 2017, a proporção de pessoas vulneráveis à pobreza cresceu 0,5 ponto percentual, atingindo 25% da população brasileira. O índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, ficou estável em 0,55 em 2017 ante 2016. Aqui, quanto mais próximo de um, mais desigual o país.
 
"No Brasil, ainda que resultados tenham sido alcançados na redução da pobreza, é possível identificar uma nova tendência, de aumento, ou seja, de redução da renda per capita da população, com o ingresso de pessoas na situação de pobreza e uma estagnação no índice de Gini", diz o estudo.
 
A queda na dimensão renda foi contrabalançada pelo aumento do IDHM Longevidade, de 0,845 para 0,850, puxado pelo crescimento da esperança de vida ao nascer de 75,72 anos para 75,99 anos, na média do país. Já o IDH Educação subiu de 0,739 para 0,742, por causa exclusivamente do índice que mede a frequência escolar, uma vez que a escolaridade da população adulta permaneceu praticamente a mesma.
 
Os IDHMs Educação e Longevidade têm tido aumentos constantes desde 2012, segundo o Ipea. No período até 2017, a taxas médias anuais foram de 1,6% e 0,6%, respectivamente. Por causa de problemas que não permitiram calcular a renda familiar per capita de 2012 a 2015, o IDHM não tem dados sobre esses anos e, por esse motivo, não há um cálculo de IDHM do país nesse período.
 
Para o crescimento do indicador de esperança de vida ao nascer contribuiu a queda de, em média, 4,0% ao ano da mortalidade infantil (até 1 ano de idade) entre 2012 e 2017. O índice da dimensão Educação é a síntese de dois subíndices - o de Escolaridade e o de Frequência Escolar. O primeiro cresceu 1,6% em média, por ano, mas apesar disso, em 2017, 35,7% da população acima de 18 anos ainda não possuía o ensino fundamental completo.
 
O estudo também aponta problemas nos níveis finais dos ensinos fundamental e médio. Em 2017, enquanto 96,7% das crianças de 5 a 6 anos estavam frequentando a escola e 93,2% daquelas entre 11 e 13 anos frequentavam o segundo ciclo do ensino fundamental, apenas 69,6% dos adolescentes de 15 a 17 anos tinham concluído o fundamental e 59,3% dos jovens de 18 a 20 anos tinham o ensino médio completo.
 
Cor e sexo
 
Embora persistentes, as diferenças diminuíram no período quando se observa os dados desagregados por cor e sexo. O IDHM da população branca caiu de 0,819 para 0,817, e o da população negra subiu de 0,728 para 0,732.
 
"Esse resultado foi possível pela melhoria em todos os quesitos analisados para os negros e pela queda nas dimensões Renda e Educação para os brancos. Ainda assim, brancos ganham cerca de duas vezes mais que os negros: R$ 1.144,76, contra R$ 580,79", observa o estudo.
 
O desequilíbrio entre homens e mulheres também se reduziu, em grande parte devido à menor diferença no IDHM Renda - único em que o índice das mulheres, quando ajustado às diferenças de rendimento do trabalho, é inferior ao dos homens. No período, o índice de Renda dos homens caiu de 0,818 para 0,814, e o das mulheres subiu de 0,658 para 0,660.
 
Atlas
 
O Radar IDHM é um estudo vinculado ao Altas do Desenvolvimento Humano no Brasil criado para fornecer uma análise mais atualizada das tendências dos indicadores dos municípios e regiões do país.
 
O Atlas é baseado exclusivamente nos Censos Demográficos, realizados de dez em dez anos, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se de uma plataforma de consulta aos IDHs dos 5.565 municípios brasileiros, 27 Unidades da Federação 21 regiões metropolitanas e três regiões integradas de desenvolvimento (Ride).
 
São mais de 220 indicadores de demografia, educação, renda, trabalho, habitação e vulnerabilidade, com dados extraídos dos Censos de 1991, 2000 e 2010.
 

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