Artigos e Entrevistas

Hora de construir Porto-Santos Maravilha

José Antonio Marques Almeida (Jama) 

 
História de Santos e do porto é uma só. A cidade tem um porto e o porto tem uma cidade. Da chegada de Braz Cubas (1545) até o prefeito Paulo Alexandre Barbosa, passaram-se 471 anos dessa história testemunhada por documentos, objetos e construções que estão se deteriorando e sendo destruídos ao longo do tempo, por trato inadequado ou por abandono. Inacreditável, Santos não tem um museu da sua história.
 
Porto-Santos Maravilha é para preservar viva essa memória de quase cinco séculos que contemplaram um desenvolvimento econômico pujante, em ciclos: do sal, açúcar, da banana, café e industrialização. Um projeto que atrai investidores; preenche lacuna de arte, cultura e lazer; envolve as universidades e gera postos de trabalho.
 
Essa História tão grandiosa não cabe e não pode ser contada em acanhados espaços de um sobrado, casarão ou Cadeia Velha. Há que ser vivida no palco e atmosfera da própria história, para que as pessoas se harmonizem com ela e se sintam parte de uma produção cinematográfica.
 
Jornalista e historiador santista, Alessandro Atanes, no seu livro Esquinas do Mundo, narra o Porto de Santos na história e literatura mundiais. Levado por navios que dele partiram para o Velho Mundo e Américas, foi parar em livros famosos, como Madame Bovary, de Guy de Maupassant e Confesso que Vivi, de Neruda. É nossa cidade portuária influenciando e influenciada por cidades similares além-mar. 
 
No Largo Marquês de Monte Alegre, o tempo volta à época em que nasceu o mais importante porto do Hemisfério Sul, o Porto de Santos. Lá estão os prédios das antigas Prefeitura e Câmara Municipal; a estação ferroviária da São Paulo Railway Co (SPR), depois Santos-Jundiai (EFSJ), o hotel; residências e armazéns de outrora; a famosa Rua Direita e o Convento Santo Antônio do Valongo.
 
Instalado no imponente prédio vitoriano da antiga estação ferroviária, da inglesa SPR, inaugurado em 1867, o Museu Ferroviário expõe peças, antigas locomotivas e locobreques do funicular que agarravam um grosso cabo de aço contínuo, puxando vagões na subida da serra de 795 metros. Estátuas de funcionários simulando cena cotidiana sugerem fotos. Na plataforma de embarque e desembarque, o trem de locomotiva à vapor e dois vagões aguarda os passageiros para partir, em um passeio de quase meia hora.
 
Ao fundo da estação está a réplica do antigo Armazém de Bagagem, do porto, abrigando a mostra com arte da chegada ao Brasil de imigrantes de diferentes países. Figuras pelo salão representam a espera ansiosa de embarcar nos trens para ir trabalhar na lavoura do ouro-verde. Atores caracterizados com trajes típicos de tantos países dão vida à cena. Há a loja e a livraria.
 
Tem o Armazém da Ferrovia com sacos com café que chegavam por trem e transportados até o costado do navio por caminhões e carroças. Arranjos de sacos e grãos são atrativos às crianças. Na lanchonete, diferentes cafés expressos. Faz parte do Museu Ferroviário o passeio de bonde pelo centro de Santos.
 
Visita-se ainda o Museu Pelé (do futebol), o Museu do Trabalhador, o Convento do Santo Antonio do Valongo, fundado em 1640, a antiga Rua Direita, a Rua XV e o Museu do Café. Nos trajetos, atrações e desfiles inspirados nas temporadas, arte para todas as idades. Nessa complexidade de atividades, com caminhada, parada, descanso e bate-papo, o visitante atua, vive realidades e sonhos no Museu da cidade, para crianças e adultos.
 

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