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Nível do ensino e capacitação laboral, com seus reflexos no país e nos portos

Fonte: Jornal da Orla / Sérgio Aquino
 
Triste um país que não se indigna contra os vergonhosos níveis de ensino
 
Depois de longo período com embates políticos, acusações de todos os lados e momentos em que o ambiente legislativo beirou a uma sala de espetáculo cômico, finalmente decidiu-se sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
 
O tema que norteou as pautas jornalísticas, os bate-papos ou conflitos nos diálogos de finais de semana e principalmente as ruas do país, aparentemente, havia chegado ao seu capítulo final.
 
Da mesma forma que os capítulos finais, das tradicionais novelas, permanecem sendo comentados e debatidos ainda durante algum tempo, também esta página da história política brasileira continuou presente na mentalidade nacional.
 
Aparentemente ainda vamos levar um bom tempo para virar esta página e, portanto, outros fatos de grande importância para o país, poderão ser prejudicados nos seus níveis de atenção.
 
Foi exatamente isto que aconteceu no dia 8 de setembro, quando foram divulgados os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2015 - que varia de 0 a 10 e leva em conta o rendimento escolar dos alunos (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e as médias de desempenho na Prova Brasil.
 
Naquele dia foram apresentados os estarrecedores resultados da péssima qualidade do ensino, que os jovens brasileiros estão recebendo.
 
A vergonhosa informação de que dentre as 26 capitais brasileiras, 16 não atingiram as metas estabelecidas, não mexeu com a população.
 
Mais deprimente ainda constatar que o problema não foi resultado de falta de recursos, que seriam justificativas para as regiões brasileiras com maiores desafios de fragilidade social.
 
Como explicar que no Estado da Federação, com maior poderio econômico, a cidade de São Paulo, como também no Estado da Cidade Maravilhosa, as metas para a qualidade do ensino básico não foram atingidas?
 
E, quando se pensa em metas, mais frustrante ainda constatar que nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, as médias alcançadas estavam abaixo da nota 5 (São Paulo e Rio de Janeiro com a média de 4,3).
 
Vivemos nestes últimos meses recebendo um bombardeio, de informações na imprensa, quanto aos péssimos índices do PIB e da inflação.
 
Repetidos programas jornalísticos arregimentam especialistas para debater a crise econômica nacional.
 
Todos os dias gráficos e mais gráficos são apresentados, nas TVs, nos jornais e nas revistas, conclamando a população para que nos unamos na busca de recuperar os índices econômicos.
 
Quanto aos vergonhosos índices do IDEB, bastaram poucas informações no próprio dia de suas divulgações e alguns reduzidos comentários posteriores, como se estivessem simplesmente ocupando os espaços, pela perda das pautas políticas.
 
Se o nível de qualidade de ensino no país é uma vergonha, como diria um jornalista, o que dizer então da qualificação profissional.
 
Quando os reduzidos valores são aplicados, terminam gerando programas fracassados de treinamentos, com siglas pomposas, porém, sem efetividade objetiva para atender às reais necessidades do país, para aumento de qualidade e de produtividade.
 
No ambiente portuário esta irresponsabilidade, quanto aos treinamentos e capacitações, por parte do poder público, também se faz presente.
 
Muito embora sejam arrecadados valores pelas empresas portuárias, para um Fundo Público, destinado aos treinamentos e qualificações de trabalhadores portuários, tais recursos não são aplicados, pois permanecem contingenciados, para se buscar o equilíbrio fiscal. Isto é apropriação indébita. Isto, além de um crime contra os trabalhadores, é um crime contra o país.  
 
Triste um país que não se indigna contra os vergonhosos níveis de ensino. Triste um país que recebe recursos para treinamentos e qualificações de trabalhadores e os utiliza para outro fim. Deveríamos sair às ruas para protestar contra estes crimes, que têm sido cometidos contra o futuro de nossos jovens, e contra a competitividade dos trabalhadores de nossos portos. Sem qualidade no ensino comprometemos gerações futuras. Sem qualificação profissional comprometemos a competitividade do país e os quantitativos de empregos. Vamos defender a educação e a qualificação.
 

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