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Hora de colocar as barbatanas de molho

Fonte: DCI / Paulo Schiff
 
O futuro do Porto de Santos é ameaçado por questões ambientais e econômicas

 
A região litorânea de São Paulo nunca dependeu do próprio planejamento para gerar empregos e atividades produtivas. Ganhou da natureza as condições abrigadas do Porto de Santos. A proximidade geográfica da Grande São Paulo e do interior completou o serviço: alavancou a movimentação de cargas ao posto mais alto do hemisfério sul do planeta.
 
Como esses também são os dois maiores centros de emissão de turistas do Brasil, as praias sempre atraíram prestadores de serviços turísticos. Para completar o cenário, na metade do século passado o governo federal implantou siderúrgica e refinaria de petróleo em Cubatão, que se transformou em potência industrial.
 
A Baixada Santista, entretanto, sem universidade pública e, portanto, sem pesquisa científica se limitou ao que recebeu gratuitamente da natureza e do governo. Não desenvolveu a pesca. Não conseguiu atrair investimentos em indústrias não poluentes que aproveitassem a matéria-prima de Cubatão e a vantagem estratégica da proximidade do porto.
 
No começo deste século, houve sinalização positiva em relação à exploração do petróleo e do gás da Bacia de Santos. A promessa era a de novo surto de desenvolvimento. A Petrobras se instalou na região. Mas, até agora, as expectativas não se confirmaram. A crise da petroleira e a queda das cotações internacionais adiaram parte dos investimentos.
 
Em Cubatão, a Usiminas, antiga Cosipa, também abriu o bico neste ano. Atingida pela crise da siderurgia ocidental e depois pela crise brasileira, a Usina de Cubatão desligou alto-forno no primeiro semestre e desativou o setor de chapas grossas em setembro.
 
O Porto de Santos também precisa se repensar para o futuro. Por um lado, tem as novas ferrovias que ligam a região central do País, produtora de grãos, aos portos do Norte. E de outro, o novo canal do Panamá, que promete reduzir os custos das rotas para a Ásia.
 
Santos pode perder cargas. E o acordo de livre-comércio entre grandes economias mundiais, que deixa o Brasil de fora, inclui portos do Pacífico - do Chile e do Peru. Outra ameaça.
 
A elevação do nível do mar por efeitos climáticos representa risco para a atividade turística... Como se vê, a maré não está para peixe... Está na hora de colocar as barbatanas de molho.
 

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