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Sai a soja, entra o milho nos portos

Fonte: Folha de S. Paulo / Mauro Zafalon (*)

Terminado o intenso ciclo de exportações de soja, o milho agora deverá ocupar os terminais dos portos. Até agosto, as exportações totais do cereal do país foram de 8,9 milhões de toneladas, acima dos 8,4 milhões de igual período do ano passado, segundo acompanhamento da consultoria Clarivi.
 
Para o país repetir as exportações de 2014, quando foram enviados 21 milhões de toneladas para o exterior, restariam apenas 12,1 milhões de toneladas, o mesmo volume exportado de setembro a dezembro do ano passado.
 
Mas a meta de uma exportação próxima à de 2013, quando foi enviado o recorde 26,6 milhões de toneladas, fica mais distante, segundo cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
 
O Brasil só chegaria a um volume próximo do de 2013 com vendas externas de outros 17 milhões de toneladas nos últimos quatro meses deste ano. Com a redução das exportações nas duas primeiras semanas deste mês, a média mensal teria de ficar bem acima dos 4 milhões de toneladas.
 
O lado positivo para as exportações brasileiras é o valor do dólar, o que torna o produto nacional mais competitivo. Além disso, a alta da moeda norte-americana ocorre também em relação a outras moedas, tornando o cereal dos Estados Unidos mais caro.
 
O ponto negativo para o Brasil, no entanto, é que os Estados Unidos voltam ao mercado neste final de ano e devem ocupar espaço de importadores tradicionais, como o Japão.
 
Resta ao Brasil uma disputa por importadores assíduos do país, como Irã e Vietnã, os maiores compradores nos oito primeiros meses deste ano.
 
Brasileiros e norte-americanos encontram, no entanto, uma realidade diferente nos preços deste ano. A melhora de oferta de produto e a consequente queda dos preços internacionais fizeram com que a média das exportações brasileiras recuasse para US$ 170 por tonelada no mês passado, ante US$ 193 em igual período de 2014.
 
Quanto à soja, resta pouco produto para ser exportado. Até agosto, o país enviou o recorde de 46 milhões de toneladas para o exterior, acima de todo o volume de janeiro a dezembro do ano passado.
 
As expectativas são de vendas externas de 50 milhões de toneladas no ano.
 
Só a China já levou 31 milhões de toneladas, acima dos 28 milhões de janeiro a agosto de 2014. Se os chineses mostram forte apetite pela oleaginosa brasileira, ainda não dão atenção para o milho, como se previa após o acordo comercial entre Brasil e China nesta área.
 
As estimativas do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) são de que os chineses produzam 225 milhões de toneladas de milho, para um consumo interno de 219 milhões na safra 2015/16.



(*) Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma mais de 38 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. 
 

 


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